domingo, 27 de setembro de 2015

Audiência Pública em Florianópolis sobre ausência de cruzeiros


A movimentação econômica total (impactos diretos, indiretos e induzidos das armadoras e dos cruzeiristas e tripulantes) contabilizou R$ 2,142 bilhões na última temporada brasileira. 


Desse total, R$ 1,133 bilhão foi gerado pelos gastos das armadoras com combustíveis, taxas portuárias e impostos, compras de suprimentos, comissionamento de agências de viagens e operadoras de turismo, água e lixo, salários pagos, além de despesas com marketing e escritório, entre outros. 

Os gastos totais de cruzeiristas e tripulantes, nas cidades e portos de embarque/desembarque e de trânsito, foram de R$ 1,009 bilhão.

Segundo a pesquisa, a principal atividade favorecida foi a de alimentos e bebidas, onde se registrou uma movimentação econômica de R$ 318 milhões; R$ 309 milhões com comércio varejista; R$ 162 milhões com transporte antes e/ou após a viagem; R$ 128 milhões com passeios turísticos; R$ 59 milhões com transporte durante a viagem (nas cidades de escala); e R$ 33 milhões com hospedagem antes ou após a viagem (sim, os hotéis - inclusive resorts - já faturam milhões com os cruzeiros e irão faturar muito mais quando a Embratur passar a articular pacotes agregando hospedagem em terra, pré e pós cruise, aos cruzeiros pela costa e rios brasileiros.

Quanto à participação nos impactos econômicos dos cruzeiristas, os turistas nacionais foram responsáveis por 79,4% enquanto que os turistas internacionais e tripulantes foram responsáveis por 20,6% desse total.

Interessante observar que mais da metade dos entrevistados, exatamente 68,7%, informou ter disponibilidade de realizar cruzeiros pela costa brasileira durante a baixa temporada. Sobre a preferência por tipo de viagem, 62,8% indicaram que não substituiriam uma viagem de cruzeiro por uma estadia em resort ou hotel de luxo.

Como o estudo destaca, milhares de cruzeiristas e tripulantes desembarcam nos portos brasileiros e visitam as cidades a cada temporada. Tais visitas são de relevante influência, visando futuros retornos dos turistas e a divulgação de destinos brasileiros por meio do marketing “boca a boca” – além da divulgação espontânea que acontece a partir das mídias sociais, onde as pessoas compartilham imagens e comentários sobre suas experiências (essas opiniões constam nos catálogos de cruzeiros marítimos, ofertados por agentes de turismo no Brasil e no exterior). Portanto, cabe aos destinos aproveitar essa oportunidade e disponibilizar, em suas prateleiras, produtos e serviços de qualidade para serem oferecidos aos turistas durante a estadia na cidade.

Importante anotar, também, parte da pesquisa quando aponta que a geração de empregos, como impacto dos cruzeiros marítimos, extrapola os originados em escritórios regionais das operadoras de vendas, marketing e atendimento a clientes
dos cruzeiros, sendo gerados postos de trabalho em diversas áreas durante a temporada. 

Tal acontecimento decorre, em especial, nos terminais portuários e na cidade como um todo (comércio, bares e restaurantes, receptivo, transporte e atrativos turísticos), movimentando toda a cadeia de serviços locais.

Outro dado positivo, é que são comprados aqui no Brasil, também, parte dos insumos dos cruzeiros (como alimentos perecíveis e hortifruti). Nos navios, são duas as principais áreas de gestão: as operações hoteleiras e as marítimas. Ambas seguem critérios internacionais de qualidade e segurança de operação. O perfeito entendimento de tais requisitos por parte das empresas brasileiras é fundamental para que estas se tornem fornecedoras de suprimentos e serviços para os cruzeiros marítimos.

Com tantos fatores positivos em destaque e uma crise global a enfrentar (muito mais grave no Brasil), milhares de destinos ao redor do globo - inclusive em nosso país - de tudo fazem (trade turístico e poder público local) pelo privilégio de estar nos roteiros dos cruzeiros marítimos: planejam e investem em infraestrutura e qualificação para atrair sempre mais escalas e bem atender aos visitantes (turistas e tripulação), por vezes contando com larga rede de voluntariado nisto, tamanhos os benefícios coletivos.

Pois bem!

A atual gestão municipal encaminha-se para o fim do seu mandato, a estadual já está encerrando o primeiro ano da reeleição e Florianópolis segue sem escalas de cruzeiros, sem investimentos públicos em um terminal marítimo e sem chamada pública para atrair investidores, em total descompasso com o restante do Brasil e do mundo!

Uma imperdoável irresponsabilidade a merecer enérgica cobrança por parte da nossa Câmara Municipal de Vereadores, quanto mais diante da premente necessidade de caixa municipal, o que se resolve muito mais com a dinamização da atividade econômica (e o Turismo dá respostas rápidas!) do que com elevação de tributos e corte de investimentos estruturantes.

Por isto, fica aqui sugestão de urgente audiência pública para que a comunidade obtenha explicações e encaminhamentos dos governos federal, estadual e municipal, (especialmente SEP, ANTAQ, Embratur, Santur e Setur) e também da Brasilcruise e da Clia Abremar, que são as entidades representativas do segmento, aquela pelo lado dos terminais de cruzeiros e esta pelo lado das armadoras e operadoras.

Estou à disposição para auxiliar nossos edis no que for preciso!

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