sexta-feira, 14 de agosto de 2009

ABREMAR e BRASILCRUISE contestam afirmações da diretoria do Costão do Santinho contra Cruzeiros Marítimos

Carl Hoepcke, de saudosa memória, um dos pioneiros da Indústria de Cruzeiros no Brasil, a partir do extinto Porto de Florianópolis, através dos paquetes da Empresa Nacional de Navegação Hoepcke

Apresento nota da ABREMAR endossada pela BRASILCRUISE contestando afirmações divulgadas esta semana em detrimento dos Cruzeiros Marítimos.

Antes da manifestação da ABREMAR e da BRASILCRUISE, e independentemente dessa, é importante destacar que o Turismo Náutico, a contemplar também os Cruzeiros Marítimos de cabotagem e de longo curso, integra o Plano Nacional do Turismo 2007/2010, que propõe o ordenamento e a consolidação de todos os segmentos turísticos, a articulação e o fortalecimento de suas instâncias representativas e a padronização de referência conceitual, prevendo expressamente que "em municípios ou regiões turísticas devem ser desenvolvidas ações de apoio à implantação de equipamentos da infra-estrutura, tais como marinas e portos náuticos; (re)urbanização e infra-estrutura de orlas marítimas e fluviais; (...) terminais marítimos".

O Ministério do Turismo diligentemente fez divulgar uma cartilha específica para o desenvolvimento do Turismo Náutico no Brasil e, mediante a Portaria 54/2009, formalizou o GT Náutico do MTur, colegiado interinstitucional e interministerial de que participam também a ABREMAR, a BRASILCRUISE e a ACATMAR (Associação Catarinense de Marinas, Garagens Náuticas e Afins) e que, entre outras atribuições, tem a de estruturar a costa brasileira para inserí-la competitivamente no mercado mundial de cruzeiros.

Este GT Náutico, no dia 21 do mês corrente, reunir-se-á pela primeira vez fora da capital federal, em Florianópolis (SC), na sede da Associação Comercial e Industrial, ACIF.

Em Santa Catarina a Secretaria de Estado do Turismo e seu braço de promoção externa, a SANTUR, participam ativamente de todas as reuniões mensais de colegiado semelhante, de âmbito estadual, o GT Náutico de SC, que congrega os portos turísticos catarinenses em operação e em planejamento, envolvendo os municípios de São Francisco do Sul, Itajaí, Porto Belo, Grande Florianópolis e Imbituba. A missão primordial do GT Náutico de SC é estruturar a costa catarinense para melhor receber os navios de cruzeiros. Na referida reunião do GT Náutico do MTur, no próximo dia 21, o GT Náutico de SC exporá aos presentes as demandas locais em termos de portos turísticos, qualificação e treinamento. Quem fará a apresentação será, em princípio, o presidente da SANTUR, Valdir Walendowski.

Recentemente o secretário estadual do turismo, Gilmar Knaesel, divulgou dados informando que mais de 50% dos passageiros que conhecem os destinos durante as escalas dos cruzeiros depois retornam para hospedarem-se nos hotéis e resorts dos locais que visitaram. Em verdade, segundo informa o MTur, este índice de retorno chega a 75%.

O próprio governador Luís Henrique da Silveira também defende e luta abertamente pelo fortalecimento dos Cruzeiros Marítimos por todo o litoral de Santa Catarina.

A senadora Ideli Salvatti oportunamente observou a estratégia dos resorts para concentrar os gastos dos turistas no interior de suas instalações, enquanto que os Cruzeiros Marítimos promovem ampla e horizontal distribuição de renda a todo o trade turístico dos municípios catarinenses em que escalam, favorecendo desde o artesão da praça até ao mais fino restaurante da região.

Ricardo Moesch, novo diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico do Ministério do Turismo, responsável pelo GT Náutico do MTur, anunciou que o Plano Nacional de Turismo para o período 2010/2014 contemplará as necessidades dos Cruzeiros Marítimos. "Vamos estimular a criação de destinos portuários. Afinal, o impacto de receita nas cidades onde os navios atracam é enorme", pontuou para a Mercado & Eventos.

Diante deste quadro incontestável, quem ataca os Cruzeiros Marítimos é voz isolada e dissonante das políticas dos governos Federal, Estadual e municipais catarinenses no que diz respeito aos Cruzeiros Marítimos no contexto do desenvolvimento integrado do Turismo.

Diversos destinos brasileiros estão recebendo investimentos federais que superam a centena de milhões de reais em portos turísticos, a maioria já com foco na Copa de 2014. Vale citar Fortaleza, cidade para a qual o Ministro dos Portos anunciou hoje (14.08.2009), R$150 milhões apenas para o terminal marítimo de passageiros e mais R$60 milhões para a dragagem de desassoremento, conforme noticiado aqui.

Parece intuitivo que é dever do Conselho Estadual de Turismo de Santa Catarina liderar pleitos que tais para o nosso litoral, notadamente porquê estamos equidistantes de Curitiba e Porto Alegre, cidades que receberão jogos da Copa de 2014 mas que não dispõem e não disporão de portos turíticos.

Ao invés de certas lideranças reiteradamente manifestarem-se contra os Cruzeiros Marítimos, poderiam ampliar seus horizontes buscando o desenvolvimento integral do trade turístico catarinense, o que evidentemente inclui os Cruzeiros Marítimos em razão dos empregos, da renda e da receita tributária que geram fortemente nos municípios catarinenses que já os recebem - não sendo poucos os que já se habilitam a desfrutar de idêntica e invejada condição, como bem destacado pela ABREMAR em sua contundente nota transcrita abaixo.

No Caribe a festejada Ilha de St. Martin, por exemplo, planeja o Turismo de modo diferente do que pretende para Santa Catarina a diretoria do resort Costão do Santinho. Em St. Martin não se trabalha apenas pelos resorts.

Vale conferir trecho do documento significativamente intitulado "Aprendendo com as melhores experiências internacionais" - que deveria ser lido também por outras autoridades e lideranças do Turismo brasileiro e catarinense - produzido por missão conjunta ao Caribe integrada por BRAZTOA, SEBRAE, EMBRATUR e Ministério do Turismo:

O Plano de Turismo foi elaborado depois de um extenso trabalho de consulta a todos os setores da sociedade. Desde julho, o governo está implementando o Plano Mestre de Turismo com estratégias e políticas aplicadas para os próximos dez anos. Reconhecendo o turismo como a principal atividade econômica da ilha, uma das metas é aumentar a receita do setor em 40% até a metade do período, ou seja 2010, buscando alcançar uma arrecadação de 200 milhões de dólares. As estratégias estão definidas e priorizadas nos principais segmentos que são:

1. Cruzeiros;
2. Marinas, através das entradas de turistas com barcos próprios;
3. Turismo convencional, hospedando-se na ilha;

Eminentemente um destino de lazer, caracterizado e identificado no segmento de Sol e Praia, a ilha vem se especializando e agregando valor a oferta turística. Não adianta fugir, o tom turquesa de suas águas, a temperatura, o clima agradável e atmosfera hospitaleira, inspiram e desperta a vontade de relaxar e descansar. Mas como justificar uma permanência de no mínimo uma semana? Uma série de atividades ligadas a esportes náuticos é empreendida por residentes e empresários de fora: passeios de barcos, mergulho, vela, jet-ski, kitesurfing, surf, regatas como a 12 meters, caiaque, windsurf. Sabiamente atrelado a essa oferta de atividades diurnas que podem atrair público de diversas idades, o destino se promove objetivando atrair diferentes nichos de mercado. Sua gastronomia diversificada e de excelente qualidade,que lhe confere o título de “capital gastronômica do Caribe”, o forte apelo para compras e o incremento no setor de entretenimentos e cruzeiros, fazem com que St.Maartem/St. Martin, consiga se consolidar como um dos destinos em excelência nesse segmento.

O aumento da receita é apenas um dos três pilares e objetivos principais do plano. Também está contemplado o aumento de 2.000 empregos diretos e 2.800 empregos indiretos, assim como a melhoria da qualidade de vida dos residentes. Outros aspectos considerados foram: o aumento da segurança, a melhoria do relacionamento entre turistas e população local e adoção de projetos e princípios de responsabilidade social. Para 2015, estima-se que a ilha poderá receber 2.100.000 passageiros de navios de cruzeiros – crescimento de 56% - terá um aumento de 64% de visitantes que se hospedam em hotéis e poderá captar uma parte considerável do mercado mundial de viagens em iates, após melhorias na infra-estrutura das marinas, que atualmente representam aproximadamente o ingresso de 30 milhões de dólares por ano.


O comunicado divulgado pela "diretoria do resort Costão do Santinho":

Comunicado Relevante

O Costão do Santinho Resort comunica aos seus clientes, parceiros, fornecedores e à imprensa em geral que, ao contrário do que foi recentemente divulgado, não tem interesse em vender quaisquer dos empreendimentos sob sua gestão e também não procurou qualquer profissional para suposta intermediação de negócio símile. A empresa não descarta o diálogo com potenciais investidores, em especial de bandeiras internacionais e com capacidade para atrair fluxo de turistas estrangeiros, na condição de sócio minoritário.
Principal referência em qualidade entre resorts de praia do Brasil, o Costão do Santinho mantém a taxa de ocupação padrão desta época do ano, com suas instalações utilizadas por grandes eventos corporativos, técnicos e científicos.
E, no mesmo contexto dos demais empreendimentos de hotelaria turística do país, enfrentamos as adversidades da combinação entre dólar baixo e real valorizado, o que estimula as viagens ao exterior por parte dos brasileiros e retrai a vinda de estrangeiros ao Brasil.
Também nos preocupa a absoluta passividade das autoridades federais de turismo diante do avanço dos cruzeiros de cabotagem, que oferecem concorrência assimétrica. Estes navios são locados a preços inferiores (durante nosso verão o hemisfério norte está em baixa temporada), não pagam impostos nem encargos trabalhistas e ainda contam com os cassinos a bordo como fortes diferenciais competitivos.
A hotelaria de lazer brasileira enfrenta dificuldades, como recentemente mostraram os jornais O Estado de São Paulo e Valor Econômico e são necessárias medidas do Congresso e do Executivo federal na defesa dos empregos e de décadas de investimentos de empreendedores brasileiros.


Florianópolis, 12 de agosto, 2009.


A nota da ABREMAR endossada pela BRASILCRUISE:


12.08.2009

Em relação à notícia publicada sobre o resort Costão do Santinho, com declaração do Sr. Fernando Marcondes de Mattos, a Abremar – Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas esclarece:

1 - Os Cruzeiros não prejudicam o setor de hotelaria. Estudo da filial brasileira da Jones Lang La Salle Hotels (renomada consultoria hoteleira internacional), com análise de mais de 300 hotéis, flats e resorts, revela que em 2008 os lucros operacionais aumentaram e os resorts foram os que apresentaram maior crescimento: cerca de 15% em relação ao ano anterior.

2- Os navios estão sujeitos a todos os tributos da mesma forma que uma empresa nacional, pois a estas estão equiparados pela IN 137/98. Cumprem com todas as obrigações acessórias pertinentes elencadas pela mencionada instrução normativa. Em tributos, os Cruzeiros pagam no Brasil mais de R$ 70 milhões por temporada, quase o dobro dos impostos pagos em destinos como Caribe ou Mediterrâneo.

3 – Na área trabalhista, as empresas de Cruzeiros estão reguladas pela RN 71/06 do Conselho Nacional de Imigração, que estipula todas as condições de trabalho de estrangeiros e brasileiros a bordo do navio. Além disso, arcam com pesados custos de vistos de trabalho para a tripulação estrangeira a bordo, custos estes inexistentes nos hotéis e resorts. Investem, ainda, para a formação e contratação de brasileiros, não só para a temporada local, mas também para trabalhar no exterior. Esse tipo de geração de empregos para brasileiros no exterior é raramente compartilhado por outras atividades realizadas no país.

4 – Os Cruzeiros beneficiam as economias locais. Por exemplo, de acordo com a Secretária de Turismo de Santos, Wânia Seixas, “na temporada 2008/2009 os Cruzeiros incrementaram várias áreas da economia, no total de R$ 170 milhões”.

5- Os Cruzeiros geraram 37 mil empregos, diretos e indiretos, na temporada 2008/2009. Para Pedro Guimarães, subsecretário de Turismo do Rio de Janeiro, “são uma atividade de enorme geração de emprego e renda para os destinos. Fomentam a economia e incentivam o consumo de produtos locais”.

6 – O hóspede de navio gasta cerca de R$ 150,00 em cada cidade-escala. Em Porto Belo, o presidente da Associação dos Taxistas, Genésio da Silva Filho, disse que “o faturamento dos táxis aumenta 70% na temporada de cruzeiros”.

7 – Os Cruzeiros possuem cassinos, mas estes são abertos após 12 milhas náuticas, ou seja, além do mar territorial brasileiro. Adicionalmente, sobre os ganhos são recolhidos os devidos tributos.


8 – Os Cruzeiros promovem os lugares e beneficiam outras atividades, afirmou George Barreto, diretor de Turismo da Saltur, Bahia. “Quem chega a Salvador de navio conhece a cidade e retorna com mais tempo. E o retorno, seja de avião, ônibus ou carro, gera rendimentos para hotéis, restaurantes e o setor de transporte”.

9 – Os Cruzeiros Marítimos têm preços justos. Evidentemente, os roteiros mais curtos tornaram-se bastante acessíveis a grupos de turistas que, agora, têm possibilidades de viajar a custos compatíveis.

A Abremar acredita que é extremamente importante esclarecer estes fatos e, ao mesmo tempo, coloca-se à disposição para quaisquer outras informações.

Cordialmente

Ricardo Amaral
Presidente da Abremar


A Associação Brasileira de Terminais de Cruzeiros Marítimos - BRASILCRUISE, endossa integralmente a nota da ABREMAR.

Cordialmente,
Carlos Eduardo Bueno Netto
Presidente da BRASILCRUISE

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