UMA RELAÇÃO ESQUIZOFRÊNICA
Por Vinícius Lummertz*
Outro dia ouvi do jornalista Cacau Menezes: “Precisamos proteger a nossa cidade”. Estou ouvindo até agora. É o que queremos, mas como fazê-lo? Na era medieval era mais simples: construíam-se muralhas com fossos e jacarés. O inimigo era um possível invasor, de outra tribo, outro reino, outro povo. Não vinha pela CVC, nem pela Azul mas também não tinha fins pacíficos. A ameaça agora, convencionou-se pensar, é o crescimento. Quanto à construção de muralhas, também não haveria hoje como obter as licenças ambientais. Nem para os jacarés. Fim de papo, amarelo.
Proteger como? Uma hipótese seria travar o crescimento; a outra seria planejá-lo, ordená-lo – mas sob quais critérios? Sociedades em cidades modernas são sistemas complexos. Convívios urbanos em sistemas democráticos requerem muita compreensão sobre interesses difusos, jogos políticos, correntes ideológicas, condições econômicas, hábitos e costumes e, sobretudo, expectativas. Nossa cidade tem tudo isso em profusão. No final, trata-se também de proteger a cidade de nós mesmos.
(*)Candidato a prefeito de Florianópolis nos anos 1990 pelo PFL, integrante da pasta de Turismo na gestão Dario Berger, ex-secretário estadual de Articulação do governo Luiz Henrique (2007-2010) e de Planejamento da gestão Leonel Pavan (2010), Lummertz é bacharel em Ciências Políticas pela Universidade Americana de Paris, com especialização em Política, Governo e Economia no D’Overbroeck’s College, em Oxford, na Inglaterra. Pós-graduado na Kennedy School, da Harvard University (EUA), no IMD de Lausanne (Suíça) e MBA Executivo na Amana Key, em São Paulo.
Diga-se de passagem, uma belíssima reflexão consciente sobre a esquizofrenia que sofrem aqueles que querem impedir o empreendedorismo e o desenvolvimento do turismo. Por oportuno, reproduzo a carta publicada hoje no DC, de minha autoria, comentando o artigo:
ResponderExcluir"O artigo 'Uma relação esquizofrênica', do Secretário Nacional de Turismo, Vinicius Lummertz, no DC na esteia da série 'O Futuro de Floripa', foi escrito com lucidez e conhecimento de causa. O tema de fundo debatido - turismo e seus reflexos sociais - é tratado com linguagem acessível e maestria. Quem verdadeiramente se preocupa com o futuro, a sustentabilidade e a geração de riqueza e empregos, não pode ser contrário ao turismo e aos projetos que estão alinhados com essas premissas, como é o caso do Hotel-Marina Ponta do Coral.
Não consigo entender como homens públicos conseguem ser contrários à geração de empregos, ao aquecimento da economia local e regional e ao necessário desenvolvimento náutico, dívida histórica que a Capital tem em aberto."