terça-feira, 27 de outubro de 2009

Florianópolis fica de fora da rota de cruzeiros marítimos. Setor hoteleiro não vê com bons olhos a chegada de navios


Do site do Diário Catarinense, em 27.11.2009

Apesar de ter a maior parte de seu território em uma ilha, Florianópolis ficará de fora de praticamente todas as escalas de cruzeiros marítimos para esta temporada. A exceção será uma turma de estudantes e professores que participará de um congresso de hotelaria, previsto para atracar em 18 de dezembro.

Ernesto São Thiago, diretor para a Região Sul da Associação Brasileira de Terminais e Cruzeiros – BRASILCRUISE, cita alguns motivos pelos quais a Capital não recebe navios de grande porte.

Entre eles estão o píer ruim e o ponto de fundeio, localizado na entrada da Baía Norte e que fica sujeito às variações climáticas. Uma ondulação ou vento mais forte impede que o tender, embarcação que transporta os passageiros do navio para a terra firme, consiga atingir a praia com segurança.

O setor hoteleiro não vê com bons olhos a chegada dos navios. O presidente da ABIH-SC, João Moritz, afirma que eles tiram clientes dos hotéis, principalmente dos resorts, de maneira desleal, pois pagam menos impostos.

Porto Belo recebe turistas em novembro

Em 14 de novembro, Porto Belo, no Litoral Norte, vai receber a primeira leva de turistas embarcados em navios. Serão 2.055 passageiros com 10 horas disponíveis para passear e, sobretudo, gastar. Apesar de a temporada dos cruzeiros começar mais cedo em relação ao ano passado, o mar do setor não está para peixe.

A cidade, conhecida como capital náutica do Estado, e que normalmente recebia navios de longo curso, perdeu 60 escalas de cruzeiros, informa Ernesto São Thiago. Para efeito de comparação, o Rio de Janeiro já começou a temporada de cruzeiros e prevê um crescimento de 90% em relação a 2008.

Os navios com calado maior têm de entrar em Imbituba antes de chegar a Porto Belo, para a Receita Federal fazer a chamada nacionalização da embarcação. O secretário de Turismo de Porto Belo, Alexandre Stodieck, explica que a medida gera mais custos para as empresas que promovem o cruzeiro e provoca perda de tempo.

Mesmo assim, a expectativa de turistas não baixou em relação ao ano passado, pois os navios terão mais passageiros, cerca de 3 mil cada, em média. A previsão é de 28 escalas com 70 mil turistas.


Nota do autor do blog:

Agradecendo a reportagem, também publicada como principal matéria de capa da edição impressa de hoje do Diário Catarinense sob a chamada "Turismo de voos charter e cruzeiros estaciona em SC", enviei à diligente jornalista Alicía Alão, que a assina, a seguinte mensagem:

Parabéns ao DC por pautar a falta de um porto turístico em Florianópolis!

Na ausência de ações governamentais eficazes, que ultrapassem o discurso fácil, todo o litoral de SC parou no tempo, tanto em infra-estrutura para receber transatlânticos quanto na organização do receptivo dos passageiros. Ao contrário daqui, por todo o litoral brasileiro a classe política e o trade turístico buscam as companhias de navegação para formarem parcerias empreendendoras que estão resultando no rápido surgimento de novas e melhores estruturas náuticas afim de aproveitar economicamente o gigantesco fluxo dos quase 1 milhão de turistas, em sua maioria nacionais, que realizarão cruzeiros de cabotagem na temporada que iniciou-se semana passada.

Ainda precisam ser contabilizados outros milhares de estrangeiros que farão escalas no Brasil a bordo de cruzeiros de longo curso, vindos diretamente do exterior. Em vista disto, SC com sua infra-estrutura medíocre, perdeu para os estados do nordeste as paradas que aqui seriam realizadas pelos navios da Royal Caribbean, de maior porte.

A fala do presidente da ABIH/SC na reportagem não merece crédito e ofende ao bom-senso. Tenho certeza de que com ele não concordam os presidentes das ABIHs de SP e RJ, estados onde estão os portos turísticos mais movimentados do país: além de pagarem pontualmente cerca de US$ 40 milhões em impostos ao Brasil na última temporada, em um valor por m2 superior ao que a hotelaria (em tese) paga; de alavancarem a economia dos destinos visitados através dos gastos diretos de tripulantes e passageiros e do retorno destes posteriormente por outros modais; de gerarem cerca de 40 mil empregos diretos e indiretos e de pagarem mais de US$ 36 milhões em comissões aos agentes de viagem brasileiros entre 2008/2009; os cruzeiros têm fornecido hóspedes aos milhares aos hotéis, e também aos resorts, tanto na alta quanto na baixa temporada, antes do embarque ou depois do desembarque.

SC precisa de portos turísticos! Que a ABIH/SC abandone preconceitos infundados e junte-se o quanto antes aos eforços da ABAV/SC e da BRASILCRUISE em favor de bem receber os turistas e tripulantes de cruzeiros de cabotagem e de longo curso.

O momento deve ser de união do trade em favor do Turismo como um todo e não de corporativismo.

Para maiores informações sugiro consultar meu blog:
www.ernestosaothiago.blogspot.com

Ernesto São Thiago:.

Associação Brasileira de Terminais de Cruzeiros Marítimos - BRASILCRUISE
www.brasilcruise.com.br
Diretor Região Sul

Associação Catarinense de Marinas, Garagens Náuticas e Afins - ACATMAR
www.acatmar.com.br
Presidente da Comissão de Gerenciamento Costeiro

Associação Comercial e Industrial de Florianópolis - ACIF
www.acif.org.br
Diretor de Turismo e Conselheiro

Membro do GT Náutico do Ministério do Turismo

Nenhum comentário:

Postar um comentário