segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Não construir portos turísticos para cruzeiros em SC é como ter petróleo e não implantar plataformas para explorar!

Projeto do novo Píer Turistico de Porto Belo, para receptivo remoto de transatlânticos, um belíssimo trabalho da consultoria Marinas do Brasil - www.marinasdobrasil.com.br - que preserva a livre passagem de pedestres pela praia. A BRASILCRUISE - www.brasilcruise.com.br - em um trabalho institucional de fôlego, conseguiu no MTur a verba inicial para a obra, que até hoje não saiu do papel por falta de ação governamental efetiva, omissão que se dá em São Francisco do Sul e Florianópolis, destinos que também têm projetos de portos turísticos sempre em (eterno) "andamento".

A jornalista Estela Benetti, já referida aqui neste blog, fez publicar hoje, na sua prestigiada coluna Informe Econômico, o seguinte:

19 de outubro de 2009 N° 8597

INFORME ECONÔMICO ESTELA BENETTI

Para ter turistas o ano inteiro

A Secretaria de Estado do Turismo e a Santur participam da Feira das Américas, no Rio de Janeiro, a partir desta quarta-feira, com divulgação focada na atração de turistas o ano inteiro. Embora a proximidade da temporada de verão e o fim da pandemia da gripe A ajudem, um obstáculo que pesa é o dólar baixo, que faz muitos da classe média optarem por viagens ao exterior. A Associação das Agências de Viagens (Abav/SC) também participa com oferta de produtos locais.

Com foco no turismo o ano inteiro, SC adotou a política de segmentação do setor, criada pelo Ministério do Turismo e vai lançar, até o final do ano, o programa estadual Viver Santa Catarina, que visa mais turistas locais. Dentro da segmentação do Ministério de Turismo, que tem 16 alternativas, o Estado participa de 15. A lista inclui Sol e Mar, Aventura, Compras, Termal, Religioso, Parques Naturais e Temáticos, Ecoturismo, Rural, Cultural, Eventos e Negócios, Náutico, GLS, Esportes, Pesca e Outros.

O primeiro roteiro segmentado já concluído pela Santur e que vai ser apresentado na Feira das Américas é o Religioso, que inclui o santuário da Santa Paulina, em Nova Trento, e o turismo de compras em Brusque e Blumenau

Lendo o texto, evidentemente baseado em um release oficial, percebe-se que o segmento "Cruzeiros Marítimos", para variar, não mereceu o destaque correspondente às incríveis taxas de crescimento que apresenta ano a ano no Brasil e ao imenso impacto positivo que gera nas economias locais ao longo de uma temporada de 8 (oito!) meses - e há dono de resort acusando-a de ser "curta e predatória"!!! Aliás, o segmento de "Cruzeiros Marítimos" de fato não mereceu destaque algum, pois o leitor precisa estar muito afeito à nomenclatura técnica do governo para saber que no segmento intitulado como "náutico" eles vêm, em tese, incluidos, como se verá adiante.

Vale dizer, reflete-se até na comunicação com a imprensa o descaso que o segmento experimenta em Santa Catarina em termos de ações governamentais efetivas que, por inexistentes ou em descompasso com o mercado, resultam na não implantação de portos turísticos em nosso litoral e na desorganização do receptivo aos cruzeiristas que heroicamente aqui desembarcam.

Em vista disto enviei novamente uma mensagem à estimada jornalista, com melhores elementos de informação a respeito do segmento "Cruzeiros Marítimos", coisa que a assessoria de comunicação oficial não fez, nunca faz, mas espera-se que, um dia, faça. Segue a missiva, sempre no tom respeitoso que a profissional merece:

Prezada jornalista Estela Benetti,

A temporada de cruzeiros no Brasil vai de outubro a maio, durando oito meses. O primeiro transatlântico, o MSC Lirica, chega às 08:00h de hoje, 19.10, ao Recife (PE), procedente de Genova (Itália). Se a programação for mantida, o último navio a escalar a costa brasileira será o MS Bremen, apenas em 09.05.2010, proveniente da Antártida. Entre longo curso e cabotagem, o Brasil terá 1.363 escalas nessa temporada, um mercado superior a US$500 milhões de dólares, que cresce consistentes 33% ao ano (as taxas européias ficam em 1/3 disto e as americanas abaixo de um dígito), deixa vários milhões de dólares nas economias locais dos portos turísticos em que ocorre e já envolve cerca de 1 milhão de passageiros. Em comissões aos agentes de viagens as companhias de cruzeiros pagaram ano passado perto de US$40 milhões de dólares. Praticamente o mesmo valor foi pago em impostos.

Apesar de termos condições de operarmos vários destinos catarinenses para transatlânticos, apenas Itajaí e Porto Belo têm escalas comerciais, e mesmo assim em reduzido número perto de Búzios (RJ) e Ilhabela (SP), que terão mais de 100 escalas cada em 2009/2010. Em razão da falta de infra-estrutura e do pouco apoio governamental efetivo, em SC a temporada de cruzeiros é menor: o primeiro transatlântico, o MSC Opera, chega dia 14/11 em Porto Belo e o último, o MSC Orchestra, em 03/04 na mesma cidade - vide
www.brasilcruise.com.br/tabelaEscalas.asp . São Francisco do Sul, Penha, Governador Celso Ramos, Florianópolis, Garopaba, Imbituba, Laguna, mesmo com toda a atratividade que têm, estão ainda fora do multi-milionário mercado de "Cruzeiros Marítimos".

Trata-se de um segmento, como visto, que apresenta números infinitamente maiores do que praticamente todos aqueles outros referidos em sua nota "Para ter turistas o ano inteiro" no Diario Catarinense de hoje, em que os Cruzeiros Marítimos estão contidos implicitamente no genérico "náutico", o qual refere-se também a embarcações de lazer, próprias ou em charter.

Considerando que a temporada de verão é concentrada entre o Natal e o Carnaval, período este que nem sempre chega a 2 meses, fica evidente que os "Cruzeiros Marítimos", com seus 8 meses de temporada brasileira, contribuem eficazmente para a chamada "quebra da sazonalidade", de sorte que merecem muito maior atenção do que a que vêm recebendo em Santa Catarina. Beira a irresponsabilidade o pouco aproveitamento do nosso potencial, que é comprovadamente o maior do país no segmento. É como termos poços de petróleo na orla e nos recusarmos a implantar plataformas para extraí-lo!

Enquanto uma parte dos líderes do trade turístico catarinense pouca atenção dá ao assunto (quando não se manifesta contrariamente), a gigantesca Feira das Amércias, citada por você, promovida pela ABAV Nacional, adotou a temática dos cruzeiros marítimos como inspiração para configurar o enorme lounge de entrada dos visitantes, estendendo-se pelos 1.290 m² da área de credenciamento. Todo esse espaço será demarcado por itens que destacam o universo dos cruzeiros marítimos, da decoração ao mobiliário e até mesmo nos uniformes da equipe de recepção, como se os visitantes estivessem, de fato, embarcando em uma viagem de navio. Não por acaso um dos dois primeiros seminários do evento vem intitulado como "Cruzeiros Marítimos – Especialize-se nessa comercialização - O interesse dos Agentes de Viagens pela comercialização de cruzeiros marítimos" e será ministrado por Ricardo Amaral, diretor-geral da Royal Caribbean no Brasil e presidente da ABREMAR -
www.abremar.com.br .

E a Plenária 2 da Feira das Américas - "Superar Desafios com Criatividade" - será a de Amyr Klink, estrela maior a bordo de cruzeiros temáticos com destino à Antártida, como o que foi realizado pelo MS Nordnorge há algum tempo.

Fraternalmente,

Ernesto São Thiago:.
Associação Brasileira de Terminais de Cruzeiros Marítimos - BRASILCRUISE
Diretor para a Região Sul

Sócio
Porto Turístico Internacional Santa Catarina

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