quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ponta do Sambaqui, em Florianópolis, tem enorme potencial para o turismo náutico! Só falta reerguer o antigo trapiche!


Casarão onde funcionava a Alfândega do Porto do Sambaqui

Temos um antigo porto de transbordo em Florianópolis, que funcionava na belíssima Ponta do Sambaqui. Poderia ser reativado para o turismo náutico... 

O lugar é absolutamente fantástico e mantém a antiga alfândega preservada e servindo como centro comunitário, mas o trapiche ruiu há muitos anos.

No entorno há uma importante orla gastronômica entre a montanha e o mar, servida por uma via estreitíssima, e a falta de estacionamento é um problema crônico. 

A saída, literalmente, seria o acesso marítimo, com a construção de um novo trapiche "boat friendly", para receber barcos particulares e transporte público aquaviário, charters, taxi aquático e, quem sabe, tenderes de cruzeiros fundeados ao largo das ilhas Ratones, como antigamente...

O Porto do Sambaqui foi importante para o desenvolvimento da região. O cronista Virgílio Várzea, em 1900, afirmou que suas condições naturais para o trânsito de embarcações são privilegiadas “[...] por sua posição completamente protegida das vagas e ventos da barra pelo longo Pontal ao norte, e a oeste pelas ilhas Raton Pequena e Raton Grande, que são verdadeiros abrigos. Pelo lado do sul nada há a temer, porque o pampeiro e o sueste duro, que tanto castigam o porto da cidade e todos os da outra baía, só levantam mar cavado até à garganta do Estreito, de cuja altura para o norte, barra adentro, as águas se conservam tranqüilas”. 

Em meados do século XIX, Desterro (antigo nome de Florianópolis) ocupava uma importante posição econômica na Província e as atividades portuárias eram fundamentais para isso. Por exemplo, 65% das exportações catarinenses passavam por Desterro por volta de 1850. 

O Porto do Sambaqui se destacava pelas excelentes condições naturais para a navegação, além de possuir encanamento que levava água potável diretamente para as embarcações. Como o Porto de Desterro apresentava problemas, por ter acesso raso, o do Sambaqui logo se tornou alternativa para as embarcações de grande porte. Por conta disso, foi construída em 1854 a Casa da Alfândega, que controlava, vistoriava e cobrava os respectivos impostos da entrada e saída de cargas em navios da baía norte. 

No entanto, a distância da região central aumentava os gastos com transporte terrestre de mercadorias e dificultava o controle. Na própria Alfândega central a fiscalização era limitada pelo baixo número de fiscais e embarcações destinadas a essa atividade, bem como a inexistência de objetos indispensáveis como balanças, pesos, medidas e guindastes. Com outros portos catarinenses apresentando melhores condições naturais e maiores investimentos tecnológicos, a importância portuária da capital diminuiu, até a completa extinção do Porto. Com o fechamento do Porto de Florianópolis em 1964, ambas as casas alfandegárias foram desativadas, sendo a do Centro tombada pelo Município em 1975 e a do Sambaqui em 1987. 

Desde 1987, a antiga sede da Alfândega foi cedida pelo Ministério da Fazenda à Associação de Moradores de Sambaqui. Esta entidade foi fundada em 1983, promovendo debates políticos, exposições artísticas e festas periódicas. Destacou-se desde sua criação na luta pela preservação das características naturais da Ponta do Sambaqui, bem como pelo resgate do folclore local, fomentando atividades como o Boi-de-Mamão, Pau-de-Fita e Terno de Reis.

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